quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Final do curso!


Chegamos ao final do curso e com um gostinho de quero mais. Um quero mais de conhecimento, de parceria, de troca de experiências, de ideias. Este curso acrescentou e muito em minha vida, entrei uma pessoa e saio outra, agora, com mais conhecimento, mais ideias e pronta para compartilhar com meus alunos, colegas tudo aquilo que aqui aprendi.

O mundo digital é um grande atrativo e fazer um curso online nos possibilita, sem sair de casa, conhecer um mundo novo e cheio de coisas boas, interessantes.

Não foi fácil chegar até aqui, em algumas vezes, fiquei desanimada, o cansaço era evidente, mas a determinação, a persistência foram meus aliados e venceram qualquer tipo de desânimo que teimava em aparecer.

O saldo foi extremamente positivo, ganhei muito, além do conhecimento, conheci pessoas que assim como eu, acreditam piamente no poder que somente a Educação tem, o de transformar a vida de uma pessoa.

A minha grande dúvida era se depois do fim do curso eu poderia dar sequência ao blog que fiz com todo carinho do mundo e deu um trabalhão, e como deu. Quando a minha tutora disse que sim, que eu poderia continuar alimentando o blog, ah, fiquei tão feliz! 

Acredito que alguns dos meus colegas de curso apareçam por aqui também, serão muito bem-vindos e conto com a presença deles, afinal, somos todos um só, sempre em busca do melhor e para todos.


"Acho que o processo criador de um pintor e do escritor são da mesma fonte. Quando eu escrevo, misturo uma tinta a outra e nasce uma nova cor." 
Clarice Lispector

Acredito que o ser humano pode mudar a partir da Educação que lhe é oferecida, pois ela tem o poder de transformar vidas!
Cristiane de Oliveira

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O prazer da leitura - Rubem Alves


Rubem Alves
Gaiolas ou Asas – A arte do voo ou a busca da alegria de aprender
Porto, Edições Asa, 2004



Excertos adaptados
Alfabetizar é ensinar a ler. A palavra alfabetizar vem de "alfabeto". "Alfabeto" é o conjunto das letras de uma língua, colocadas numa certa ordem. É a mesma coisa que "abecedário". A palavra "alfabeto" é formada com as duas primeiras letras do alfabeto grego: "alfa" e "beta". E "abecedário", com a junção das quatro primeiras letras do nosso alfabeto: "a", "b", "c" e "d". Assim sendo, pensei a possibilidade engraçada de que "abecedarizar", palavra inexistente, pudesse ser sinônimo de "alfabetizar"...

"Alfabetizar", palavra aparentemente inocente, contém a teoria de como se aprende a ler. Aprende-se a ler aprendendo-se as letras do alfabeto. Primeiro as letras. Depois, juntando-se as letras, as sílabas. Depois, juntando-se as sílabas, aparecem as palavras...

E assim era. Lembro-me da criançada a repetir em coro, sob a regência da professora: "bê-á-bá; bê-e-bê; bê-i-bi; bê-ó-bó; bê-u-bu"... Estou a olhar para um postal, miniatura de um dos cartazes que antigamente se usavam como tema de redacção: uma menina deitada de bruços sobre um divã, queixo apoiado na mão, tendo à sua frente um livro aberto onde se vê "fa", "fe", "fi", "fo", "fu"...

Se é assim que se ensina a ler, ensinando as letras, imagino que o ensino da música se deveria chamar "dorremizar": aprender o dó, o ré, o mi... Juntam-se as notas e a música aparece! Posso imaginar, então, uma aula de iniciação musical em que os alunos ficassem a repetir as notas, sob a regência da professora, na esperança de que, da repetição das notas, a música aparecesse...

Todo a gente sabe que não é assim que se ensina música. A mãe pega no bebé e embala-o, cantando uma canção. E a criança percebe a canção. O que o bebé ouve é a música, e não cada nota, separadamente! E a evidência da sua compreensão está no fato de que ele se tranquiliza e dorme – mesmo nada sabendo sobre notas!

Eu aprendi a gostar de música clássica muito antes de saber as notas: a minha mãe tocava-as ao piano e elas ficaram gravadas na minha cabeça. Somente depois, já fascinado pela música, fui aprender as notas – porque queria tocar piano. A aprendizagem da música começa como percepção de uma totalidade – e nunca com o conhecimento das partes.

Isto é verdadeiro também sobre aprender a ler. Tudo começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a história. A aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras: quando alguém lê e a criança escuta com prazer. A criança volta-se para aqueles sinais misteriosos chamados letras. Deseja decifrá-los, compreendê-los – porque eles são a chave que abre o mundo das delícias que moram no livro! Deseja autonomia: ser capaz de chegar ao prazer do texto sem precisar da mediação da pessoa que o está a ler.

Num primeiro momento, as delícias do texto encontram-se na fala do professor. Usando uma sugestão de Melanie Klein, o professor, no ato de ler para os seus alunos, é o "seio bom", o mediador que liga o aluno ao prazer do texto. Confesso nunca ter tido prazer algum em aulas de gramática ou de análise sintáctica. Não foi nelas que aprendi as delícias da literatura. Mas lembro-me com alegria das aulas de leitura. Na verdade, não eram aulas. Eram concertos. A professora lia, interpretava o texto, e nós ouvíamos, extasiados. Ninguém falava.

Antes de ler Monteiro Lobato, eu ouvi-o. E o bom era que não havia exames sobre aquelas aulas. Era prazer puro. Existe uma incompatibilidade total entre a experiência prazerosa da leitura – experiência vagabunda! – e a experiência de ler a fim de responder a questionários de interpretação e compreensão. Era sempre uma tristeza quando a professora fechava o livro...

Vejo, assim, a cena original: a mãe ou o pai, livro aberto, a ler para o filho... Essa experiência é o aperitivo que ficará para sempre guardado na memória afectiva da criança. Na ausência da mãe ou do pai, a criança olhará para o livro com desejo e inveja. Desejo, porque ela quer experimentar as delícias que estão contidas nas palavras. E inveja, porque ela gostaria de ter o saber do pai e da mãe: eles são aqueles que têm a chave que abre as portas de um mundo maravilhoso!

Roland Barthes faz uso de uma linda metáfora poética para descrever o que ele desejava fazer, como professor: maternagem – continuar a fazer aquilo que a mãe faz. É isso mesmo: na escola, o professor deverá continuar o processo de leitura afetuosa. Ele lê: a criança ouve, extasiada! Seduzida, ela pedirá: Por favor, ensine-me! Eu quero poder entrar no livro por minha própria conta...

Toda a aprendizagem começa com um pedido. Se não houver o pedido, a aprendizagem não acontece. Há aquele velho ditado: É fácil levar a égua até ao meio do ribeirão. O difícil é convencer a égua a beber. Traduzido pela Adélia Prado: Não quero faca nem queijo. Quero é fome. Metáfora para o professor.

Todo o texto é uma partitura musical. As palavras são as notas. Se aquele que lê é um artista, se ele domina a técnica, se ele desliza sobre as palavras, se ele está possuído pelo texto – a beleza acontece. E o texto apossa-se do corpo de quem ouve. Mas se aquele que lê não domina a técnica, se luta com as palavras, se não desliza sobre elas – a leitura não produz prazer: queremos logo que ela acabe.

Assim, quem ensina a ler, isto é, aquele que lê para que os seus alunos tenham prazer no texto, tem de ser um artista. Só deveria ler aquele que está possuído pelo texto que lê. Por isso eu acho que deveria ser estabelecida nas nossas escolas a prática dos "concertos de leitura". Se há concertos de música erudita, jazz – por que não concertos de leitura? Ouvindo, os alunos experimentarão o prazer de ler.

E acontecerá com a leitura o mesmo que acontece com a música: depois de termos sido tocados pela sua beleza, é impossível esquecer. A leitura é uma droga perigosa: vicia... Se os jovens não gostam de ler, a culpa não é só deles. Foram forçados a aprender tantas coisas sobre os textos – gramática, usos da partícula "se", dígrafos, encontros consonantais, análise sintáctica – que não houve tempo para serem iniciados na única coisa que importa: a beleza musical do texto. E a missão do professor?

Acho que as escolas só terão realizado a sua missão se forem capazes de desenvolver nos alunos o prazer da leitura. O prazer da leitura é o pressuposto de tudo o mais. Quem gosta de ler tem nas mãos as chaves do mundo. Mas o que vejo a acontecer é o contrário. São raríssimos os casos de amor à leitura desenvolvido nas aulas de estudo formal da língua.

Paul Goodman, controverso pensador norte-americano, diz: Nunca ouvi falar de nenhum método para ensinar literatura (humanities) que não acabasse por matá-la. Parece que a sobrevivência do gosto pela literatura tem dependido de milagres aleatórios que são cada vez menos frequentes.

Vendem-se, nas livrarias, livros com resumos das obras literárias que saem nos exames. Quem aprende resumos de obras literárias para passar, aprende mais do que isso: aprende a odiar a literatura.

Sonho com o dia em que as crianças que leem os meus livrinhos não terão de analisar dígrafos e encontros consonantais e em que o conhecimento das obras literárias não seja objeto de exames: os livros serão lidos pelo simples prazer da leitura.
http://pagina-de-vida.blogspot.com.br/

domingo, 18 de novembro de 2012

Relatos reflexivos

A despedida nos traz sempre uma ponta de tristeza, saudade daquilo que foi bom e é assim que nos sentimos com o término do curso Práticas de Escrita e Leitura em Contexto Digital, mas com um sabor de missão cumprida.
 
Tudo o que aprendemos e compartilhamos neste curso nos será de grande valia por toda a vida. 

Por tanto, pensando no que dissemos, fizemos e sentimos, percebemos que os momentos de história que realizamos juntos foram mais grandiosos do que pequenos.


Trabalhamos bastante e não foi fácil chegar até aqui, e neste momento é difícil encontrar palavras para expressar o nosso muito obrigado, mas sorriso é o que demonstraremos neste instante por ser o motivo deste até logo, a realização de mais uma vitória em nossas vidas.

 
Sempre há um amanhã e a vida nos dá sempre mais uma oportunidade para fazermos as coisas bem, e temos que aproveitar cada oportunidade. 

Tenho certeza de que não é um adeus e sim um até breve, nos encontraremos em um novo curso, numa nova oportunidade para que juntos, mais uma vez, possamos compartilhar conhecimentos, experiências e caminhar nesta longa estrada chamada Educação.

Queremos compartilhar com vocês os nossos relatos, escritos com muito esmero e emoção.




Relato reflexivo da professora Cristiane de Oliveira

Sempre fui apaixonada pelo mundo das letras, e quando eu soube deste curso, tratei logo de fazer a minha inscrição. Além de aprender e muito,  eu queria compartilhar as minhas experiências, as minhas ideias e sonhos.
Aprendi muito, de verdade, e já trabalho em sala de aula com muita coisa que aprendi aqui, nós, eu e meus alunos, aprendemos muito com todos, cada um compartilhando aquilo que sabia ou podia.
A leitura sempre fez parte da minha vida, sempre estou lendo algo, não paro nunca de ler, é meu relaxamento, minha terapia, meu aprendizado. Ah, e a escrita? É ela que recebe os meus desabafos, aquilo que sinto e o que sou. Realmente, tenho, graças a Deus, uma grande facilidade em escrever, em me fazer entendida, e aproveito cada segundo desta habilidade.
Sempre considerei a internet como uma grande aliada, sabendo usá-la, claro, além do mais, o nosso aluno é tão conectado e isso também nos aproxima dele, ficamos mais conectados com o nosso aluno e eles sentem essa conexão.
O mundo digital sempre me encantou, escrevo muito nas redes sociais, no meu blog de psicopedagogia, outra minha paixão, e fazer este curso foi maravilhoso, somente acrescentou, entrei uma pessoa e saio outra com novas ideias, novos conhecimentos, estes que serão compartilhados com meus alunos, com meus colegas, assim, todos saem ganhando.
E o blog? Que prazer foi fazê-lo, cada detalhe, cada foto postada, cada texto, tudo feito com muito carinho, paciência e dedicação e é assim que tem que ser. Quando me propus a fazer este curso eu sabia que teria que encontrar tempo para fazê-lo e com qualidade, sou assim, em tudo que me proponho a fazer, tento fazer bem feito, me dedido ao máximo, se não for assim, prefiro não fazer.
Mas como nem tudo são flores, tive também muitos problemas durante o curso em relação ao trabalho em grupo. Tenho um grande defeito, quero que o outro tenha a mesma dedicação, responsabilidade que eu tenho em tudo o que faço e a vida não é assim não é? 
Tenho certeza de que o meu grupo poderia ter rendido muito mais, vi o entrosamento em outros grupos e desejei isto para o meu, o que não ocorreu, infelizmente, mas eu aprendi com isso também, outra coisa que levarei pra vida.
Acho que a minha grande paixão no curso foi realmente criar o blog, tenho muito cuidado com ele, com as coisas que são postadas e pelo trabalho que deu, não penso em deixá-lo parado após o fim do curso, conhecimento, coisa boa não pode terminar, a gente tem é que compartilhar!
O saldo final do curso foi extremamente positivo e sinto seu término, a gente se acostuma não é? São pessoas que passam pela nossa vida e deixam suas marcas, suas experiências, somos assim.
Todos têm seu mérito, não é fácil, para nós professores com tantos afazeres que temos e principalmente nesta etapa final do ano, dar conta de tudo isso, mas fizemos e acho que bonito. Sinceramente, espero que todos tenham aprendido como eu aprendi, que todos tenham se emocionado com os muitos depoimentos que lemos.
Desejo que a leitura nos leve ao seu mundo mágico, e a escrita seja receptora das histórias que ainda escreveremos no livro da vida!
Obrigada professora-tutora Alessandra pela paciência e por compartilhar de forma tão simples, porém generosa seu conhecimento.
Obrigada colegas por também terem compartilhado suas experiências, e pela caminhada que fizemos juntos.
Cristiane de Oliveira



Relato da professora Dirlene Taricio

Quando me propus a fazer o curso sabia das dificuldades que encontraria em relação ao tempo e ao tema, mas era mais um desafio a enfrentar.
Minha formação inicial foi na área de exatas. Sempre tive muita dificuldade em relação à Língua Portuguesa. Compreendi que esta dificuldade resultou de um modelo de ensino pelo qual passei, que para a época estava dentro do contexto ideal de sociedade pré-estabelecida pelos dominantes e reproduzida nos bancos escolares. Este curso me ajudou a entender as lacunas que ficaram na minha escolarização inicial.
Para a minha prática, percebi as possibilidades de intervenções, orientações e contribuições que, na ação supervisora de formação continuada, poderia ser proporcionada aos gestores escolares que acompanho. Já obtive alguns resultados positivos. Nas ATPCs, sugeri o registro das reuniões através de um diário de bordo e a socialização do mesmo. Deu resultado, e a partir dos registros compartilhados as discussões sobre a prática docente ficaram mais produtivas.
A construção textual para o ambiente virtual, se assim posso dizer, foi uma experiência enriquecedora. A ferramenta para a  construção do blog foi penosa. Agradeço a colega Cristiane que tomou a frente e nos ajudou nesta construção. Constatei que as habilidades que temos ao usar as multimídias precisam sempre ser exercitadas. Uns têm mais, outros menos habilidades  e precisamos respeitar os limites e o tempo de cada um. Não é assim que avaliamos nossos alunos? Este curso é mais uma etapa na formação continuada de cada um.
A construção do “Mundo Mágico das Palavras” foi muito boa. Não deveríamos deixá-lo apenas como uma etapa do curso, mas dar continuidade, compartilhando nossas experiências e como este curso nos ajudou em nossas ações pedagógicas.
Chegamos ao fim. Creio que apenas o fim de uma etapa, pois com o que li nos fóruns tenho certeza que nos encontraremos nos próximo módulos. Aprendizes sempre.
Dirlene Taricio

Relato da professora Karina Antunes

Sempre gostei de ler e escrever, embora o primeiro tenha ficado um pouco para trás, mas só um pouco, pois trabalhar, cuidar de casa, filha, e ainda arrumar um tempo pra estudar não está fácil. Já é sabido de todos que eu quase não tive tempo para realizar este curso, estou em processo de finalização de mais uma pós, e essa foi bem puxada, mas graças a Deus estou no fim, e dentro da área que eu realmente quero seguir, o ensino de língua estrangeira atrelado ao uso de tecnologias.

Quanto ao Leitura e Escrita em Contexto Digital, me ajudou bastante, principalmente porque pude utilizar de algumas referências bibliográficas para meu trabalho de conclusão de curso, além, é claro, da possibilidade de conhecer novos colegas de trabalho e o que cada um tinha para compartilhar de suas experiências.

Atritos todos temos, somos seres imperfeitos numa eterna luta em busca da perfeição e do bom convívio social. Mas o principal nós mantivemos, o respeito.

Confesso que sou um pouco difícil de se lidar, mas tenho a humildade de pedir desculpas se em algum momento eu proferi algo que não deveria.

Quanto ao blog, realmente o trabalho foi bem feito, principalmente, devido ao fato da Cristiane nunca ter tido experiências na elaboração, enfim, o mérito é dela e tiro meu chapéu e, portanto, não devemos exclui-lo.

Bem, é isso!


Karina Antunes
 
Relato do professor Marcelo Ferrari
 

Quando decidi fazer este curso "Práticas de Leitura e Escrita em contexto digital" sabia que teria muitas dificuldades, pois sou formado em matemática e é claro, em relação ao tempo também. Sei que a leitura e escrita são importantes e de competências de todas as áreas de conhecimentos. Os temas abordados neste curso me ajudaram muito na compreensão da estrutura de um texto.
Em relação ao blog, não tive uma participação efetiva, apenas publiquei um artigo e escrevi sobre meu perfil, mas acho que ficou muito bom. Parabéns para a professora Cristiane que foi quem realmente construiu este blog.
De modo geral, este curso veio a acrescentar em meu aprendizado e de meus alunos.
 
Marcelo Ferrari









terça-feira, 6 de novembro de 2012

Contribuindo com o estudo - Gêneros e Suportes


A resenha de hoje é sobre o ensaio escrito em 2003 pelo professor doutor Luiz Antônio Marcuschi, da Universidade Federal de Pernambuco, sob o título “A questão do suporte dos gêneros textuais”

Nesse ensaio (é importante lembrar que ensaio é um gênero textual que não comunica resultados prontos e acabados de pesquisa, mas reflexões iniciais sobre ela), Marcuschi reflete sobre o conceito de suporte de gêneros textuais e sua relação com outros conceitos desenvolvidos pelos estudiosos da língua, ressaltando o caráter inicial de suas colocações e convidando outros estudiosos da área a pensarem com ele sobre os suportes, ou seja, sobre os lugares onde os gêneros são colocados para circular, como por exemplo um livro, um jornal, um cartaz.

Ele começa dizendo que a tese central da análise que apresenta no ensaio, “é a de que todo gênero tem um suporte, mas a distinção entre ambos nem sempre é simples...” e que “a identificação do suporte exige cuidado.” Logo em seguida, o autor alerta seus leitores: ele não quer fazer uma classificação de todos os tipos de suporte que possam existir. O que ele deseja é refletir sobre como eles contribuem para a apresentação dos gêneros e se os suportes podem interferir na formação dos gêneros textuais. Logo em seguida, Marcuschi começa a apontar alguns tipos de suporte que, desde tempos muito remotos até hoje, estão ligados à circulação de gêneros textuais.

“Seria interessante observar como desde a antiguidade os suportes textuais variaram, indo das paredes interiores de cavernas à pedrinha, à tabuleta, ao pergaminho, ao papel, ao outdoor, para finalmente entrar no ambiente virtual da Internet. Mas este é um roteiro de análise que não será aqui percorrido.Com efeito, nossa sociedade foi das inscrições rupestres à pichação urbana, um caminho curioso que sugere inúmeras interpretações e não necessariamente uma evolução.Uma observação preliminar pode ser feita a respeito da importância do suporte.”

“Ele é imprescindível para que o gênero circule na sociedade e deve ter alguma influência na natureza do gênero suportado. Mas isto não significa que o suporte determine o gênero e sim que o gênero exige um suporte especial. Contudo, essa posição é questionável, pois há casos complexos em que o suporte determina a distinção que o gênero recebe. Tome-se o caso deste breve texto: 'Paulo, te amo, me ligue o mais rápido que puder. Te espero no fone 55 44 33 22. Verônica .' Se isto estiver escrito num papel colocado sobre a mesa da pessoa indicada (Paulo), pode ser um bilhete; se for passado pela secretária eletrônica é um recado; remetido pelos correios num formulário próprio, pode ser um telegrama; exposto num outdoor pode ser uma declaração de amor. O certo é que o conteúdo não muda, mas o gênero é sempre identificado na relação com o suporte. Portanto, há que se considerar este aspecto como um caso de co-emergência, já que o gênero ocorre (surge e se concretiza) numa relação de fatores combinados no contexto emergente.”

Além de discutir diversos tipos de suporte em sua relação com os gêneros textuais, Marcuschi os distingue de locais de armazenamento de suportes, como as bibliotecas, os canais ou meios de condução de um gênero, como o telefone, a Internet e os pára-choques de caminhão. No que diz respeito aos gêneros textuais orais, o autor é bastante cauteloso: ele acha que a discussão sobre a relação entre gêneros e suportes ainda está no início, o que não dá fundamentos suficientes para analisar suportes de gêneros orais.

Na sequência de seu ensaio, Marcuschi apresenta uma série de conceitos relacionados com a questão que discute. Como esses conceitos são utilizados continuamente pelos professores que ensinam língua, reproduzimos a seguir alguns deles, por considerar que contribuem para a compreensão não só do assunto que o autor discute, mas para a prática do professor.

Texto

Trata-se, num primeiro momento, do objeto linguístico visto em sua condição de organicidade e com base em seus princípios gerais de produção e funcionamento em nível superior à frase e não preso ao sistema da língua; é ao mesmo tempo um processo e um produto, exorbita o âmbito da sintaxe e do léxico, realiza-se na interface com todos os aspectos do funcionamento da língua, dá-se sempre situado e envolve produtores, receptores e condições de produção e recepção específicas. Em essência, trata-se de um evento comunicativo em que aspectos linguísticos, sociais e cognitivos estão envolvidos de maneira central e integrada, como observou Beaugrande (1997).

Discurso

De uma maneira geral, o discurso diz respeito à própria materialização do texto e é o texto em seu funcionamento sócio-histórico; pode-se dizer que o discurso é muito mais o resultado de um ato de enunciação do que uma configuração morfológica de encadeamentos de elementos linguísticos, embora ele se dê na manifestação linguística. É uma materialidade de sentido.

Gênero (textual, de texto, discursivo, do discurso)

Trata-se de textos orais ou escritos materializados em situações comunicativas recorrentes. Os gêneros textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária com padrões sócio-comunicativos característicos definidos por sua composição, objetivos enunciativos e estilo concretamente realizados por forças históricas, sociais, institucionais e tecnológicas. Os gêneros constituem uma listagem aberta, são entidades empíricas em situações comunicativas e se expressam em designações tais como: sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, e-mail, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante. Como tal, os gêneros são formas textuais escritas ou orais bastante estáveis, histórica e socialmente situadas.

Tipo (textual, de texto, de discurso)

Esta noção designa muito mais modalidades discursivas ou então sequências textuais do que um texto em sua materialidade. O tipo textual define-se pela natureza linguística de sua composição {modalidade, aspectos sintáticos, lexicais, tempos verbais, relações lógicas, estilo, organização do conteúdo etc.}. Em geral, os tipos textuais abrangem um número limitado de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. Quando predomina uma característica tipológica num dado texto concreto dizemos que esse é um texto argumentativo ou narrativo ou expositivo ou descritivo ou injuntivo. Os tipos textuais constituem modos discursivos organizados no formato de sequências estruturais sistemáticas que entram na composição de um gênero textual. Tipo e gênero não formam uma dicotomia, mas se complementam na produção textual.

Como o leitor pode constatar, a discussão é interessante e exige aprofundamento por parte de quem queira se envolver nela. Mas, como professores são principalmente eternos estudantes, aí fica a sugestão de leitura para esta semana. 
 Heloisa Amaral



Fonte:

domingo, 4 de novembro de 2012

Produzindo textos de gêneros de diferentes esferas


O ser humano não vive sem se comunicar e essa comunicação dá-se de diferentes maneiras: oral, escrita, gestual etc.
As atividades humanas estão sempre relacionadas com o uso de linguagem, seja verbal, seja não verbal. Imagine, por exemplo, como, sem a linguagem, o feirante, a telefonista, o vendedor, o escritor, a recepcionista, o professor, o bailarino, o pintor, o músico fariam para trabalhar?

Essas atividades podem ser organizadas em esferas de atividades. Por exemplo, existe a esfera familiar, a publicitária, a jornalística, a artística, a política, a jurídica, a escolar, a científica, e assim por diante.

Em cada uma dessas esferas, são produzidos determinados tipos de textos, mais ou menos parecidos entre si. Por exemplo, na esfera doméstica e gastronômica, podemos ler e escrever diferentes receitas: de bolo de chocolate, de suco de melancia, de torta de frango etc. Apesar das diferenças quanto aos ingredientes e ao modo de fazer, todas elas são receitas.

Na esfera jornalística, podemos ler diferentes notícias, uma, por exemplo, informando sobre uma viagem do Presidente ao exterior e outra sobre uma vacina contra a gripe. Como textos, elas são diferentes entre si, mas ambas possuem algo em comum que faz que sejam notícias: informam sobre um acontecimento e apresentam uma estrutura e uma linguagem semelhantes. Tanto a receita quanto a notícia são consideradas gêneros do discurso.

Quanto ao gênero notícia, Lage (1985) afirma que do ponto de vista gramatical, estrutural, a notícia se define como relato de fatos reais listando por ordem do mais importante e/ou interessante. Sendo dessa maneira, não somente uma narração, mas exposição dos acontecimentos em sequências, em que o primeiro antecede o segundo e assim sucessivamente, o autor elenca alguns elementos a considerar na elaboração da notícia, sendo que, o primeiro que, o primeiro deles, quando afirma ser o início e o fim da sequência da exposição dos fatos, arbitrários ao jornalista ou narrador. O segundo elemento se refere ao fracionamento, ao ritmo da sequência, se vai ser extremamente objetiva ou se, conservando o caráter da objetividade e imparcialidade, vai delongar os fatos. O terceiro acontece quando o narrador sugere relações causais do tipo "sequência/consequência e seguinte/conseguinte".

O nosso foco será a esfera jornalística e a partir desses conceitos de esfera de atividade e de gêneros do discurso, temos como atividade do módulo 3 produzir notícias para um jornal popular. 

A sequência de eventos a seguir será a base para a produção das nossas notícias. Sendo assim, convidamos-lhe a folhear o jornal de cada professor.



Sequência de eventos retirada de LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. São Paulo: Ática, 2006. p. 21-22
Fontes:
FOLHA DE SÃO PAULO. Manual de redação. São Paulo: Folha de São Paulo, 1987.LAGE, N. A estrutura da notícia. São Paulo, Ática, 1985.
Notícia escrita pela professora Cristiane de Oliveira

Jornal Popular News


A notícia simples e objetiva. Aqui você fica bem mais informado.

HOMEM ENCONTRADO MORTO NA PORTA DE CASA
Susto pela manhã, um cadáver!
24/10/2012
De Cristiane de Oliveira
Na manhã da última terça-feira, 23, dona Maria da Silva, 50 anos e residente há 20, no bairro de Vila Mariana, zona sul da capital paulista, após ouvir o som da campainha e abrir a porta de sua residência, deparou-se com um corpo de um homem caído. A moradora contou que levantou rápido, pois estava atrasada para ir ao trabalho, e enquanto se arrumava escutou a campainha tocar e ao abrir a porta viu uma cena que quer esquecer o quanto antes: um homem, aparentando ter 40 anos, cor branca, vestindo camisa xadrez, calça jeans e calçando tênis branco, caído em sua porta, olhou para a rua e não viu mais ninguém, apenas um carro que se afastava, mesmo com medo, abaixou-se, tocou-o e percebeu que o corpo estava frio, rígido, assustou-se, pois viu também que as mãos do homem estavam amarradas para trás, tinha um corte profundo do lado esquerdo do pescoço e muito, muito sangue. Este homem foi assassinado, pensou! Em pânico, entrou em casa, pegou o telefone e ligou para a polícia, dizendo que havia um cadáver em sua porta.

Segundo a moradora, que estava bastante abalada, a rua em que mora é bastante tranquila e nunca viu nada parecido em todo tempo em que reside lá.
Nossa repórter ainda conversou com outros vizinhos de dona Maria que assustados não quiseram dar entrevista, e saíram conversando entre eles, o assunto? A morte misteriosa daquele homem.
Enquanto nossa equipe preparava-se para deixar o local, criou-se um tumulto e ouvia-se muitos gritos próximos à casa de Dona Maria, era uma mulher que dizia ser a esposa do homem encontrado morto e que gritava e chorava descontroladamente, inconformada com o fim trágico do seu marido.
Muito abalada, suas únicas palavras foram "eu falava ... eu falava sempre pra Francisco deixar essas coisas de drogas pra lá, que isso não dá futuro pra ninguém, está aí, olha..., agora quem vai me ajudar a sustentar os 4 meninos lá de casa?"
O caso foi encaminhado à Delegacia de Homicídios da Vila Mariana e até a hora do fechamento desta edição, em entrevista, o delegado, Dr. José da Silva Filho, disse ter algumas linhas de investigação, mas que não poderia divulgá-las antes de concluir o inquérito. O corpo do homem foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal).
 


Notícia escrita pelo professor Marcelo Ferrari


 JORNAL POPULAR
A notícia em primeira mão
Homem assassinado no Universitário

31/11/2012
De Marcelo Ferrari

Na manhã de hoje, 31, o Sr. Luiz, 45 anos, morador do bairro Universitário, ao levantar-se, ouviu a campainha tocar e ao abrir a porta deparou-se com uma cena muito forte: um homem caído. O Sr. Luiz ainda nos informou que ficou com medo, mas abaixou-se e tocou no corpo, estava muito rígido e parecia ter sofrido algum tipo de tortura, pois estava com várias partes do corpo queimadas.
Segundo o Sr. Luiz, que estava em choque, ultimamente o bairro está muito violento e os moradores após às 21 horas não ficam mais na rua, todos estão muito assustados e preocupados com essa onda de violência e toque de recolher imposta por criminosos que tomou conta da cidade. Procuramos conversar com outros moradores, como a Sra. Marisa, que disse já ter visto o homem, que foi encontrado morto, pelas redondezas do bairro com uma turma da “pesada”.
A polícia e o carro do IML chegaram juntos e com isso, os moradores voltaram para suas casas, sem saberem a identidade do homem que fora assassinado.

Até o momento, o Delegado João Carvalho Silva, diz não ter pistas sobre o motivo da morte e quem a cometeu.



Notícia escrita pela professora Dirlene Taricio

Jornal Saiu na boca do povo

Cadáver toca a campainha e interrompe higiene matinal
Enfermeira se depara com a morte

06/11/2012
De Dirlene Taricio

Na manhã de ontem, dia 05, a auxiliar de enfermagem Rosângela Paes Leme, teve sua higiene matinal interrompida pelo som da campainha. Rosângela contou no plantão policial que acordou às 06h00 e como faz todos os dias, foi ao banheiro, escovou os dentes e quando estava lavando o rosto, escutou o som da campainha. 

Saiu do banheiro e foi abrir a porta. Deparou-se com um Sr. caído. Voltou e certificou-se de que a vítima estava morta. Ficou confusa, não com medo, pois convive com a morte todos os dias. Entrou em casa e ligou para a Delegacia de Polícia.

Em seu depoimento, Rosângela diz não conhecer a vítima, e que nada fora do normal aconteceu em sua rotina ultimamente e que não entende como esta pessoa foi parar na sua porta, mas o que chamou a sua atenção foi que a vítima segurava um papel com a imagem de São Francisco e uma oração.

O investigador, Dr. Sérgio Rodrigues, começou os trabalhos e diz ser um caso de difícil de elucidar, mas não impossível.



quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Argumentação

A palavra é um poderoso instrumento de transformação e de persuasão. É através da palavra que nós propomos mudanças, apresentamos propostas e oferecemos nossas justificativas. Essa atividade gira em torno dessa dimensão social da palavra, uma dimensão transformadora e – por que não? – revolucionária


O texto pode ser subversivo?


Vejamos primeiro o que nos diz o dicionário sobre sentido do palavrão: subversivo – que ou aquele que pretende transformar a ordem política, social e econômica estabelecida.

Podemos atribuir essas capacidades todas a um texto? Acaso, pode um conjunto articulado de temas ter a pretensão de destruir uma ordem estabelecida?
 



Tudo indica que sim... Vejamos o que nos diz a história recente.

Era uma vez...
Pesquisas recentes realizadas por professores e alunos da Universidade de São Paulo, dão conta de que o Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) guarda vários segredos sobre a nossa história. O órgão oficial atuou entre os anos de 1924 e 1983, e ficou conhecido por bisbilhotar, censurar e prender inúmeros intelectuais simpatizantes das ditas “ideias avançadas” ou comunistas.


Segundo Tucci Carneiro, professora de história da USP, os arquivos da instituição, disponíveis para consultas desde 1994, informam muito sobre a nossa história recente de perseguição política e constituem farto material de pesquisa para os interessados nas chamadas atividades subversivas.
Ora, essa subversão operada pelos intelectuais (e combatida violentamente pela polícia política do Brasil militar), realizava-se, sobretudo, a partir dos textos. Através de pequenos jornais, os intelectuais “subversivos” divulgavam por escrito as suas ideias contrárias à ordem estabelecida.

E se, incontestavelmente, as ideias não ganhavam corpo senão nos textos produzidos pelos intelectuais e artistas, então podemos dizer que um texto pode, sim, ser subversivo, na medida em que expõe novos modelos, novos padrões, novas formas de convivência social e de práticas políticas.


Fonte: Portal Educacional Clickideia.

domingo, 21 de outubro de 2012

Ler é dar sentido à vida!

Aprender a ler com propriedade é muito mais do que decifrar mensagens, tem que apreender, construir um sentido.
 
A leitura para o aluno deve ter um sentido claro, ele deve saber fazer, ou seja, conhecer os objetivos que se pretende alcançar com sua atuação.
 
A leitura é um meio que nos permite fazer parte do contexto, fazer algo concreto, nos faz ampliar o conhecimento, é possível e prazeroso, viajar por outras culturas sem sair do lugar.
 
Cabe ao professor ensinar seus alunos a realizarem uma leitura crítica, em que sejam capazes de atribuir sentido ao que leem, compreender o mundo ao seu redor e agir de maneira crítica e reflexiva.
 
Ler o mundo significa mais do que ser capaz de ler um texto. O aluno precisa perceber que a língua, falada ou escrita, é um instrumento vivo, dinâmico, facilitador, com o qual é possível participar ativamente da construção da mensagem de qualquer tempo.